«cheques-aborto»
Correia de Campos, anunciou que vai fornecer «cheques-aborto»...
...às mulheres que, tendo razões previstas pela lei para interromper a gravidez, não conseguem que a operação seja feita em contexto hospitalar público, porque os médicos que lá trabalham alegam «objecção de consciência».
Face a isto, o ministro, indignado, dispõe-se a passar um vale para o "privado", onde pelos vistos não há ninguém com este tipo de escrúpulos morais. Sendo tudo isto verdade, estaríamos perante um cenário extraordinário. Diria mesmo que o ministro tinha um azar dos diabos: então o infeliz tem um sistema de saúde apinhado de gente que recebe do Estado, mas não cumpre as suas leis, e do outro todos aqueles que não hesitam em interromper uma gravidez? Um tal atentado à teoria das probabilidades choca. E surpreende, sobretudo porque a grande maioria dos médicos que trabalham no "público" é também aquele que, à tarde, transita para consultórios e clínicas privadas. Serão apenas objectores até ao som das doze badaladas, libertando-se de preconceitos da parte da tarde? Nesse caso bastava ao ministro mudar-lhes o horário do turno! Ou será que há consciências que podem ser compradas com um bónus extra vencimento fixo? E haverá condições para garantir que quem recebe esses cheques seja exigente e cumpra a outra parte da lei, aquela que prevê que o aborto seja a oportunidade de acompanhar e esclarecer a grávida, entendendo que lhe cabe responsabilizar-se pela sua vida sexual - e que o aborto não é um método contraceptivo?
Sem esta parte cumprida, o ministro bem pode passar o resto da vida a emitir cheques e a ser cúmplice de uma situação que mesmo os movimentoos a favor do aborto livre até às dez semanas garantem não desejar.
Etiquetas: Política
2 Comments:
E o Aborto Musical?
O estado deve garantir que nos hospitais a objecção de consciência não se faça sentir. De outra forma cheira-me a negociata da grossa. Consciências venais é que não.
Enviar um comentário
<< Home