Violência sobre as mulheres
Na semana em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher, o jornal Dica da Semana foi até à Associação Portuguese de Apoio à Vítima (APAV), para tentar perceber se em Portugal as mulheres continuam, ou não, a ser as principais vítimas dos mais variados crimes. Constatámos que sim. De acordo com as "estatísticas - Totais Nacionais 2006", divulgadas recentemente pela APAV, no que diz respeito ao género, o contraste entre a vítima e o autor do crime é notório, tendo em conta que dos 6.772 processos de apoio a vítimas de crimes registados pela APAV em 2006, 88% diziam respeito a vítimas do sexo feminino, sendo que em quase 90% dos casos o autor do crime era do género masculino.
"Tendo em conta as estatísticas e a experiência da própria APAV, nós movemo-nos de facto num universo em que a violência sobre as mulheres predomina, sendo que em relação às vítimas que nos procuram, cerca de 85 a 90% são vítimas de violência doméstica", afirmou Frederico Marques, Assessor Técnico da APAV. Se olharmos novamente para os números, constatamos que em 2006 os crimes de violência doméstica, à semelhança da tendência dos últimos anos, registaram um total de 86% dos casos, sendo que dentro desta categoria o destaque é dado aos maus tratos físicos e psíquicos (55%).
Importa salientar que a APAV é uma instituição de carácter particular de solidariedade social, fundada em 1990, que tem como objectivo proteger e apoiar não só as vítimas de crimes, como também os seus familiares e amigos. Para tal, tem actualmente ao dispor de quem a ela recorre, 14 gabinetes de apoio às vítimas, duas casas de abrigo para mulheres e crianças de vítimas de violencia e uma Unidade de Apoio à Vítima Imigrante e de Discriminação Racial ou Étnica (UAVIDRE).
Frederico Marques destaca que "cada caso é um caso", ou seja, em relação à violência doméstica, "há mulheres que têm mais facilidade em procurar ajuda o mais rapidamente possível e há outras que demoram anos até se consciencializarem da necessidade de romperem com a situação".
Quando a vítima se dirige à APAV, a primeira coisa a fazer é tentar perceber se aquele caso justifica uma intervenção na crise, ou seja, se é "urgente retirar imediatamente a mulher de casa e colocá-la numa casa de abrigo", uma situação que se revelou necessária em cerca de 25% das situações sinalizadas em 2006". Geograficamente, os resultados de 2006 seguem a tendência dos anos anteriores, apresentando as grandes áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto como os principais focos de procura dos serviços APAV, sendo que a faixa etária prevalecente das vítimas se encontra entre os 26 e os 45 anos (32,7%), enquanto que os autores do crime têm, maioritariamente, idades compreendidas entre os 26 e os 55 anos de idade (35%).
Etiquetas: Sociedade
2 Comments:
Triste país o nosso...
Muita mulher continua ainda no fundo da cadeia alimentar. Ainda faltam uns passos à «civilização».
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