Diálogo intelectual
- Tás a ver aquela foto do Einstein? Aquela muito famosa?
- Não, não tou a ver nada disso.
- Caramba. Aquela em que ele está com a língua de fora. Não sabes qual é?
- Sim sim, agora tou a ver.
- Faz-me confusão.
- Tu já és confundido por natureza.
- Então um gajo descobre uma cena tão bacana como a Teoria da Relatividade e depois presta-se a figuras daquelas? Deixar-se fotografar com a língua de fora!
- Não me digas que nunca deitaste a língua de fora na tua vida. Quando a Cristina passa à tua frente a tua língua parece uma escada rolante, pá, não me lixes.
- Mas eu sou diferente. Não sou um dos maiores físicos de todos os tempos. Um dos gajos mais inteligentes do Universo e essas coisas todas.
- Há sempre uma explicação para tudo. Se não existisse uma explicação para tudo o gajo nem sequer tinha descoberto nada e já não era esse ganda cromo que tu dizes que ele é. Portanto também deve haver uma explicação para essa foto.
- Ele devia dar-se ao respeito.
- Olha lá: é só pensares um bocadinho e fazeres umas reflexões. O gajo descobriu uma merda qualquer, uma teoria relativa à gravidade, é isso?
- Teoria da Relatividade. Foda-se, és mesmo ignorante.
- Ó caralho! Se és assim tão espertinho explica-me lá essa merda da Relatividade.
- A teoria é simples: quanto mais depressa andares, mais devagar o tempo passa. Por exemplo, se viajares à velocidade da luz em direcção a uma estrela que está a 4 anos/luz de distância, o tempo da tua viagem para um gajo que tá parado na Terra é de 4 anos. Mas para os gajos que estão dentro da nave só passaram para aí uns dez meses, tás a ver? O tempo é relativo, não é uma coisa absoluta.
- Foda-se então tá bem, isso assim faz sentido! Se não fosses tão burro já tinhas percebido.
- Tu nem sequer sabias o que é a Teoria da Relatividade e chamas-me burro a mim?
- Mete-te na pele do gajo. Tens uma teoria. Certo? Tens uma teoria na cabeça e queres demonstrá-la. A tua teoria diz que se te deslocares mais depressa o tempo corre mais devagar. Esse gajo, o Einstein, deve ter dado uma ganda corrida pra tentar demonstrar a teoria. Se calhar enquanto tentava apanhar o comboio ou uma merda assim. Mas um homem da idade dele, nem era um grande desportista, deve ter ficado com os bofos de fora. Portanto aquela foto captura um momento importante para a posteridade: o momento em que o gajo demonstrou a teoria dele!
- Tás parvo? Então se um gajo correr muito fica assim com a língua de fora? Mas o gajo é um homem ou um cão?
- Não me digas que quando vais a correr pra apanhar o comboio não ficas com a língua de fora por causa da falta de ar?
- Isso és tu, fumas que nem uma besta. Eu não.
- Sabes lá se o Einstein não fumava. Já vi uma foto dele a cachimbar.
- Tá bem mas a tua explicação é estúpida, ninguém fica com a língua de fora depois de correr. E se essa merda fosse verdade apanhava sempre o comboio! Porque é que às vezes eu perco o comboio?
- Sei lá, o especialista na Teoria da Relatividade és tu.
- Só se essa merda funciona com estrelas e naves espaciais mas não funciona com comboios.
- Cenas do Estado já se sabe que nunca funcionam bem. Tou é a ficar com uma sede do caraças. Se o Einstein tivesse bebido uma bjeca depois da Teoria da Relatividade já não tinha ficado assim na fotografia. Se calhar tava era com sede.
- Eh pá mesmo assim… Não está certo, é uma coisa indigna. Mais valia outra coisa do género: o gajo descobria a cena, mamava uma bjeca e comia uns tremoços pra comemorar, dava um arroto, um murro na mesa e anunciava: “E=mc2, caralho!” Agora aquela foto, francamente…
- Caga nisso. Também não vale a pena estar pra aqui a falar de coisas que nos ultrapassam.
Etiquetas: Bitaites
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