Modelo importado da Inglaterra em 1854
Malaposta

Em 1859, a ligação entre Lisboa e Porto através das carreiras da Malaposta fazia-se em 34 horas e passava por 23 estações de muda. Apesar do bom serviço que as diligências prestavam nessa altura, a sua extinção foi irreversível com o aparecimento do comboio, embora se mantivessem em actividade durante mais algum tempo, como atestam os «manuais do viajante» da época.

01 dezembro 2005

Ainda a guerra em Angola


Desencantos é um Blog cujo link consta da minha lista praticamente desde a criação do meu. Este post do Desencantos "tinha" que merecer a minha atenção. Para já, o link do post "Deste viver aqui neste papel descripto". Agora, não resisto a copiar, com a devida vénia, o texto integral do post:
'As cartas de amor', dadas a conhecer pelas manas Lobo Antunes, trouxeram-me à memória aqueles retratos a preto e branco do leste angolano, que retenho, de quando por ali 'passava', voando, levando o chamado apoio logistico àqueles desterrados, perdidos em N'riquinha, Chiúme, em Marimba ou na Luiana... sei lá.
A paisagem selvagem, o pó das descolagens, o cheiro da terra, o fumo das queimadas, a ansiedade estampada nos rostos de quem via chegar o 'Nordatlas' ou a 'DO27'
Lá estava o Lobo, distante, por vezes inconstante. Discreto às vezes. Impares estes aerogramas trazidos a lume, contributo para a história de uma geração, de um país, de uma guerra. Muito mais que uma história de amor. Único. Eles eram sempre sobretudo marcados pelo amor, pela saudade e por um profundo sentimento de ausência.
ps:...que será feito dos meus 'aerogramas'? cartas sobretudo marcadas pelo amor, pela saudade e por um profundo sentimento de ausência.
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Sá Nunes, o autor do blog, piloto (pelo que deduzo) do famoso NordAtlas (cuja imagem também amavelmente roubei - fica assim o serviço completo!), avião que, como já disse algures, sobrevoava Zala e lançava em pára-quedas alguns "contentores" com géneros alimentícios frescos (ou quase) e os também famosos... sim, aerogramas! Uma vez por semana (refiro-me aos 14 meses em Zala, de Agosto 1965 a Outubro 1966), todos os militares que tinham a sorte de se encontrar em stand-by no aquartelamento de Zala, uns com antecedência, outros quando ouviam ao longe os motores do avião, formavam alas em ambos os lados da pista de terra batida para sorverem com expectativa e alegria esses momentos com acenos para quem lá em cima nos brindava com tais momentos!
Sá Nunes fala desses momentos, não nos Dembos mas no leste angolano. Por lá andei 9 meses, base em Saurimo. Daqui fiz uma viagem de ida e volta, 4 dias no Luena (ex-Luso) para tratar dos dentes, e... no... NordAtlas!, jamais esquecendo a competência da tripulação que, quando o avião descolou do Luso, já bem lá em cima, o portão traseiro abriu, "chegou a minha vez", pensei, mas os militares tripulantes, com uma calma impresionante, sossegaram os poucos militares passageiros "não se aflijam, isto vai ao sítio" - e foi! Palmas! Saurimo era a base (comando do Batalhão mais a minha Companhia), mas o tempo todo foi nas zonas de "porrada", Cazombo, Lumbala, uma viagem quase turística ao "coração dos diamantes", e outros nomes de que não me recordo. (curiosamente, não me lembro dos quatro locais referidos por Sá Nunes).
Mas Sá Nunes fala também de "As cartas de amor" (que não conheço mas vou procurar) das manas Lobo Antunes.
António Lobo Antunes. Os Cus de Judas. Quando li o romance, há cerca de um ano, logo percebi que Lobo Antunes lhe introduzira elementos autobiográficos e que estivera na guerra, no leste, nos cus de judas de Angola. Mas recordo-me que também fala da Pide, de Malange e, no livro sim, de Chiúme. Não me recordo da época em que Lobo Antunes lá esteve, tenho ideia de que foi pouco antes do 25 de Abril, seja em 1973.
Agora é altura de recuperar o material publicado por mim:
Quem não tem cão... , 03 Agosto 2005.
Zala, Angola, 05 Outubro 2005.
Início da guerra colonial, 18 Novembro 2005.
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Agradecimentos:
a) Ao Sá Nunes, pelas recordações dum tempo de sofrimento, de saudade e de medo, mas também dum tempo que permitiu conhecer a riqueza duma região de "terra vermelha" e de paisagens africanas que suscitam admiração e respeito pelas suas características únicas. E o NordAtlas, sim, um grande plano do famoso e sempre esperado avião. Possuo fotografias dele e dos pára-quedas a cair na vertical ou enviezados (no material publicado refiro o caso duma largada acidental entre Zala e Nambuangongo), mas com a tecnologia da época... a preto e branco e sem close-ups.
b) Ao controlador de referências. Porquê?... Deixem-me usar uma linguagem à moda do antigo (extinto?) caixeiro-viajante: Por vezes a gente desloca-se a Coimbra e aproveita para "fazer a corda". Então visita-se Pombal, Leiria, etc.. Enquanto isso, outras zonas (grande Lisboa, por exemplo) ficam a aguardar oportunidade, o que pode ser fatal para não depararmos com um post imperdível. Felizmente, o controlador de referências alertou: "vá à grande Lisboa, interessa-lhe".

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1 Comments:

At 30 novembro, 2005 23:40, Blogger H. Sousa said...

Caríssimo:
Creio que faz bem em reviver, por escrito, esses tempos. Talvez venham a servir de informação valiosa para um livro, escrito por si, ou por outra pessoa. Quem avisa...
Abraços

 

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