Modelo importado da Inglaterra em 1854
Malaposta

Em 1859, a ligação entre Lisboa e Porto através das carreiras da Malaposta fazia-se em 34 horas e passava por 23 estações de muda. Apesar do bom serviço que as diligências prestavam nessa altura, a sua extinção foi irreversível com o aparecimento do comboio, embora se mantivessem em actividade durante mais algum tempo, como atestam os «manuais do viajante» da época.

10 setembro 2006

O dever de estar vivo

Instantes
Autora: Luisa Castel-Branco

Os dias repetem-se como se não houvesse estações do ano ou noite e dia. Os anos arrastam-se e vamos encontrando razões para continuar, porque é isso que esperam de nós, é isso que nos exigem. Para onde foram os sonhos de criança, as fantasias tão reais da adolescência? A vida pesa como um casaco molhado. A vida, a repetição dos problemas, das angústias e medos e finalmente a eterna solidão acompanhada mas sem ninguém que nos ouça, ninguém. As pessoas são cruéis. A cada um com e os seus problemas e a vida da gente feliz não tem história, que eu sei, porque ainda recordo momentos felizes e tão breves e tão estupidamente simples. Nada nos prepara para isto. Nada. E em boa verdade, que podemos nós dizer aos nossos filhos? Que a desilusão é mais certa que a chuva, que o bem que fazemos raramente tem retorno e nós espantados a pensar: que faço eu aqui? Felizes são os pobres de espírito. Felizes são os que olham para o ecrã da televisão, para as revistas cor-de-rosa, e acreditam que aquilo existe.
Devíamos nascer com a força das árvores e do vento e não ter esperanças nem memórias e limitarmo-nos a deixar que os dias corram como as águas de um riacho e ficar quedos e sem expectativas. Ser jovem é acreditar. É ter certezas e não conhecer o sabor do medo. Depois, com o correr dos tempos, a vida se encarrega de nos tirar a inocência, de nos tirar tudo e deixar apenas algumas migalhas do que fomos e do que sonhámos.

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2 Comments:

At 11 setembro, 2006 00:01, Blogger MGomes said...

Honestamente, tenho muitas dúvidas que a vida seja assim. Não estou de acordo com a ideia de uma vida vazia de memórias e à espera que tudo aconteça.É claro que a senhora está numa idade, em que possívelmente já perdeu algumas ilusões, já teve algumas frustações..., ter consciência é uma fatalidade? Com a idade vamos perdendo aquilo em que acreditamos quando éramos jovens? Esta não é a minha vida, a minha vida é outra...

 
At 11 setembro, 2006 12:34, Blogger Diogo said...

Talvez tenhamos perdido a inocência mas conhecer a realidade também pode ser estimulante, por muito negra que ela possa parecer.

 

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