Capela do Rato
Visa-se o Dia Mundial da Paz e invoca-se o lema A Paz é Possível

Adeus, até ao meu regresso!
(Partida de militares para a guerra colonial)
O pároco da capela era o padre Alberto Neto, sacerdote católico que se destacou pela sua liderança do movimento católico contra a Guerra Colonial e a ditadura fascista de António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Liderou e incentivou, juntamente com Luis Moita e Nuno Teotónio Pereira, a realização de uma vígilia de reflexão sobre a guerra colonial contra a autodeterminação das então colónias portuguesas em África, então decorrente, e a necessidade de assinar tratados de paz, reconhecendo a sua independencia. Aprovam uma moção criticando a guerra. Da vigília participaram 91 pessoas, católicas e não católicas, entre elas Francisco Pereira de Moura, futuro membro de um dos primeiros governos democráticos, e o actual candidato à Presidência da República, Francisco Louçã, então com 16 anos.
No segundo dia da vígilia, uma grupo de polícia de choque da PIDE-DGS entra à força na capela e prende 91 pessoas aí encontradas, incluindo líderes da oposição ilegalizada e funcionários públicos que foram exonerados. Muitos acabaram a cumprir pena na Prisão de Caxias, para presos políticos. Alguns dias mais tarde, o padre Alberto Neto é demitido das suas funções, e a sua vígilia condenada pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, uma acção que leva muitos católicos a demarcarem-se da hierarquia, reforçando a sua oposição ao regime.
No dia 23 de Janeiro de 1973, Miller Guerra, deputado da chamada ala liberal, coloca a questão das prisões na Capela do Rato na Assembleia Nacional. Os deputados ligados ao regime impedem que a discussão prossiga e Miller Guerra é obrigado a pedir a demissão 15 dias depois.
Fontes: aqui e aqui
Nota: Publicações anteriores do Malaposta acerca da "guerra colonial do autor": Post acumulado.
Etiquetas: Política
2 Comments:
era tudo tão bom nesse tempo... aquilo é que era vida!
Lembro-me tão bem...
Acho que já foi o indício do começo do fim do regime. A partir daí o descontentamento foi aumentando gradualmente e havia qualquer coisa no ar, todos o sentiam mas calavam ou falavam à boca pequena com medo ds pides. Outro marco importante foi a saída do livro de António Spínola (Portugal e o Futuro que mais valia ter-se chamado Portugal Sem Futuro) que, não sendo pelo abandono das colónias, discordava da política ultramarina do regime. Isso deu ânimo aos revoltosos.
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