Modelo importado da Inglaterra em 1854
Malaposta

Em 1859, a ligação entre Lisboa e Porto através das carreiras da Malaposta fazia-se em 34 horas e passava por 23 estações de muda. Apesar do bom serviço que as diligências prestavam nessa altura, a sua extinção foi irreversível com o aparecimento do comboio, embora se mantivessem em actividade durante mais algum tempo, como atestam os «manuais do viajante» da época.

08 março 2006

José Mário Branco

Cão de Guarda (link) publicou o post "Música", sobre José Mário Branco, que copio parcialmente dada a sua enorme extensão:
Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...
É o internacionalismo monetário!
Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three.
Versão completa no link "Música".

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3 Comments:

At 08 março, 2006 17:48, Blogger a.castro said...

É difícil comentar este post. Como avisei, o texto foi copiado parcialmente devido à sua enorme extensão. Mas é de facto espectacular e, para se poder concluir, muitos anos depois, que é de uma actualidade impressionante, significa aquilo que já sabemos, ou seja, que o nosso país não sai da cepa torta.
O que eu apreciei, ao clicar no link, foi o aparecimento do Windows Media Player, cujas legendas iam alternando entre "Álbum One", "Song:JMBranco-FMI", "Artist:José Mário Branco", começando o cantor por explicar à plateia, com sarcasmo e humor,e a fazê-la rir, que o texto fora escrito no Kosovo. Depois são 25 minutos de letra (conforme post e mais a que nele falta) e alguma música. É muito tempo e foi por isso que disse que é difícil comentar. Anotei coisas como: "ao menos agora pode-se falar, ou não se pode?", "José Mário Branco, 36 anos, o que ando aqui a fazer?", "atirar as culpas para o 25 Abril, o 11 Março, o 28 Set.", "O FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma"...
É uma sensação de pele de galinha ver as legendas a alternar, ouvir o JMB e apreciar os efeitos visuais que encolhem ou expandem conforme a intensidade da voz...

 
At 08 março, 2006 20:38, Blogger H. Sousa said...

Partilho os vossos sentimentos e a opinião sobre a actualidade da canção. Mas eu já a roubara em qualquer lado, e tinha-a no ambiente de trabalho (ou melhor, de lazer). "Não sei se sabem, FMI significa Fundo Monetário Internacional". Mas é um fundo muito fundo, quem nele entra nunca mais sai. Por isso se chama fundo. Sim, já agora, uma achega do TNT.

 
At 08 março, 2006 21:08, Blogger a.castro said...

E é uma boa achega, amigo Henrique.
Obrigado!
PS: A magnolia recebeu tudo e disse que o Henrique é um gentleman.
Teixeira de Sousa: "Mas que diabo! Então não viram logo que era aldrabice?"

 

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