Que Carrilho
Peço desculpa. Sei que já passou algum tempo desde aquela maravilhosa lição de insanidade que o professor Manuel Maria Carrilho deu aos telespectadores no programa Prós e Contras, mas a verdade é que ainda me ressoam nos ouvidos algumas das suas frases «capilares», já que para lapidares ainda lhes falta um pouco... Como acontece com a alegação que tão acaloradamente defendeu de que a forma como nos comportamos em público nada tem a ver com a que adoptamos em privado. É que o meu pobre espírito ainda vivia na trevas, impedido de ver a luz pelas palavras decoradas do Catecismo, em que a letras de fogo se dizia que o logro não compensava, porque Deus via tudo - a imagem do menino a procurar esconder um vaso partido, perante os olhos perscrutantes do Altíssimo, não deixava qualquer margem para dúvidas. Infelizmente os meus pais aderiam à mesma linha filosófica, defendendo a importância da coerência e da integridade, sendo pouco sensíveis a esta ideia mais esquizofrénica, mas certamente infinitamente mais moderna, de que cada um de nós deve ser, pelo menos, dois. Mas após o debate entendi que afinal é perfeitamente admissível apertar a mão em público a alguém que se despreza em privado, bajular um inimigo num debate ou aliarmo-nos a um criminoso se houver mais gente na sala, sobretudo se forem jornalistas. E, graças à clarividência do professor Carrilho, julgo mesmo ter encontrado a solução para acabar com os crimes mais complicados de evitar e punir, exactamente aqueles que se praticam cobardemente longe do testemunho alheio, ou seja, no santuário do lar. Bem visível, para que nunca possa ser considerada uma filmagem à traição. Porque, bem vistas as coisas, é o Big Brother que faz da gente homens!
NM, Isabel Stilwell (na imagem).
Etiquetas: Geral
1 Comments:
Vim agradecer e retribuir a visita tal
como o link do blog que retribuirei de imediato.
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